Esta Noite Dançamos - Capitulo 36
E já só falam mais 3 capitulos !
Maria entrou em silêncio com Bill no quarto de hotel delas. Deparam-se com Ana e Tom a dormirem abraçados e a sorrirem.
- Eles não conseguem mesmo ficar chateados por muito tempo… - murmurou Maria a sorrir.
- É mesmo do meu irmão fazer as pazes na cama – retorquiu Bill com um ar gozão e a acariciar os cabelos da sua namorada. – Mas na verdade nunca o vi assim por causa de uma rapariga! Ele ama-a mesmo. No Chile andava doido por vê-la, já ninguém o aturava…
- Daqui a pouco estás a chamar-me chato, não? – perguntou Tom a sorrir e sonolento.
- Oh desculpa, não te queria-mos acordar… - informou Maria envergonhada quando viu-o sair da cama de boxers.
- Pois, parece que vocês não sabem o que é falar baixo. – disse Tom abraçando-a e enterrando a cara dela no peito dele – Tens que dizer ao Bill para te dar uns músculos destes… - retorquiu ele gozando.
- És mesmo parvo, nem sei como a Ana gosta de ti… - resmungou Maria atrapalhada com a situação e sendo abraçada desta vez por Bill.
- Nem eu sei… - observou Tom verdadeiramente.
- Sabem que é feio falar das pessoas nas costas? – perguntou Ana encostada na beira da porta com uma camisola de Tom vestida. Tom dirigiu-se a ela e colocou o seu braço na cintura dela.
- Ainda bem que acordas-te, Ana. Temos que ir ensaiar, veste-te! – ordenou Maria impaciente.
- Parece que alguém acordou mal disposta… - observou a amiga franzindo o olho.
- Foi o meu querido irmão Tom, com as suas piadas foleiras… - objectou Bill beijando Maria docemente. Ana olhou para Tom, com ar de recriminação e fez o que a amiga pediu.
A um dia da competição ensaiaram imenso e melhoraram alguns pequenos pormenores.
(…)
- Vai correr tudo bem, vais ver princesa. Tu dominas o palco. – comentou Tom tentando acalmar o nervosismo da Ana. Pela primeira vez ela sentia-se verdadeiramente ansiosa e nervosa. Deitaram-se os dois na cama calmamente.
- Espero mesmo que sim, porque é a final e tenho a certeza que a Sylvia não me vai fazer a vida fácil… - fez uma pausa e abraçou-o ainda mais - Sabes? Tenho um mau pressentimento!
- A Sylvia não te chega aos calcanhares… Um mau pressentimento? – perguntou ao ouvido dela e de seguida beijando-o. Aquilo fê-la arrepiar até à espinha.
- Sim, não sei explicar…
- Não te preocupes, isso é tudo ansiedade! Vocês vão ganhar aquilo na boa, eu sei que sim! – nesse momento ele já se tinha perdido no rosto dela. Beijou-a como forma de lhe dar coragem. – Amo-te.
- Obrigada! – disse sorrindo-lhe - Também te amo. – desta vez foi ela que o beijou loucamente… O que eles sentiam era tão intenso, tão profundo, tão selvagem, tão caloroso, tão verdadeiro.
Adormeceram os dois à espera do dia seguinte.
Tom acordou luminoso e com um enorme sorriso na cara. Olhou para o relógio que marcava 7:30 horas da manhã. Não se lembrava de acordar tão cedo. Sentiu os seus braços demasiado leves e abandonados. Ela não estava ali com ele. Levantou-se ansioso por encontrá-la e beijá-la. Ela era sem dúvida a ‘tal’. Ela era sem dúvida o sonho mais perfeito dele.
Não a encontrou em lado nenhum. Saiu e depois de andar poucos metros no corredor do hotel, entrou no quarto do irmão.
- Bill? Maria? – chamou. De repente apareceu-lhe Bill à frente e nu. – Bill, por favor! Veste-te não quero ver coisas tristes…
- Não sejas parvo. A Maria não se queixa… Ia tomar banho agora, que queres?
- Mas isso é porque a Maria… - calou-se observando a cara furiosa que Bill transparecia adivinhando já o que Tom ia dizer. – Bem, viste a Ana?
- Ela fugiu-te foi? – perguntou Bill vingando-se. Depois fez uma pausa reparando que Tom não estava a gostar nada da brincadeira. – Elas foram ensaiar bem cedo… Hoje á noite é a actuação delas. – informou Bill.
- Eu sei! A Ana estava muito nervosa, nunca a vi assim. Até disse que tinha um mau pressentimento…
- Pois, a Maria também não estava nada bem! – fez novamente uma pausa, sentou-se e baixou o olhar – Eu amo-a a sério e não a quero perder!
- Eu sei, Bill. E estares a dizer isso completamente nu, ainda dá mais sentimento ao momento – disse ironicamente. Depois fitou-o e sorriu - Até é estranho estar a dizer isto, mas eu amo alguém. Eu amo a Ana, amo mesmo… - disse-lhe radiante. Observou a cara entristecida do irmão e ficou preocupado – O que é que se passa?
- Elas vão ter que regressar a Portugal daqui a alguns dias, ganhem ou não a competição. Eu não quero isso… Eu não quero ficar sem ela.
Tom debateu-se com a realidade. Sentiu-se zonzo e sentou-se numa cadeira que ali havia.
- Nem sequer me lembrava disso! – disse sem querer acreditar – Elas têm que ficar! Sei lá, vamos convence-las a ficar… Agora que estava tudo bem, tinha que haver isso para me estragar os planos todos?
- Elas não vão ficar. Elas têm lá a família, os amigos, os estudos, elas têm lá a vida delas.
- Mas elas têm-nos aqui! – contrapôs Tom. Ele não queria que ela desaparecesse assim da vida dele. Ela era demasiado importante para ele. Não, ele não ia deixar isso acontecer.
- Tom, a escolha é delas, não nossa! – disse Bill sentindo-se vazio por dentro.
- Como é que podes desistir assim? Temos que fazer alguma coisa. Falámos com elas depois da actuação. É o melhor!
- Não sei se valerá a pena. Eu não a quero pressionar!
- Ao menos tentamos. E ninguém as vai pressionar, só vamos falar! – informou Tom desesperado.
Era a noite da grande final, todos tinham os corações aos saltos. Ana dirigiu-se aos bastidores e pelo caminho reparou que Richard falava com Sylvia. Achou estranho, visto que supostamente eles eram irmãos, mas davam-se como cão e gato. Fazia questão depois de perguntar a Richard que raio é que estava a fazer com ela. Confiava nele, profundamente nele. Ele sempre fora um bom amigo. Sempre a apoiou e sabia que o sentimento era recíproco. Entrou ansiosa nos bastidores e viu Maria a preparar-se.
- É hoje! – disse a Maria que sobressaltou-se quando a viu.
- Assustaste-me. Estava aqui tão concentrada… Olha o Tom diz que daqui a pouco passava aqui para te dar um beijo de boa sorte! – informou piscando-lhe o olho. Ana sorriu-lhe amorosamente. Começou também a preparar-se e depois de 20 minutos, Tom ainda não tinha aparecido por isso decidiu ser ela a ir ter com ele. Mal abriu a porta, sentiu uma pequena dor surda e inesperada mesmo debaixo do coração. O seu rosto transformou-se em sombra. Estava a ver o pior pesadelo da vida dela. Sylvia tinha-o. Sylvia tinha Tom. Beijavam-se enquanto ela assistia petrificada. Sentiu-se sem forças, mas decidiu controlar-se. Queria chorar, mas não ia chorar ali, para lhes dar esse prazer. Viu um movimento brusco de Tom a afastar Sylvia de si e viu-a. Viu Ana sem vida naquele rosto bonito. Viu Ana com um olhar despedaçado e com o coração partido.
- Não é nada do que estavas a pensar, Ana! Juro! – disse-lhe ele dirigindo-se a ela – Ela é que…
- Cala-te, não quero ouvir nada! – vociferou ela desfeita e afastando-o de si violentamente – És um porco! Não te quero ouvir mais, não quero ver-te mais. Desaparece! – entrou novamente nos bastidores e fechou a porta. Aí, sozinha, desfez-se em lágrimas. Dali a meia hora ia actuar e sentia-se perdida. Como é que ia conseguir actuar daquela maneira? Tinha acabado de ver a pessoa que amava aos beijos com a maior cabra do mundo… Por momentos pensou que não ia conseguir pôr os pés no palco. Mas não. Limpou as lágrimas, olhou-se ao espelho e disse para si mesma que não ia deitar tudo a perder por causa de um rapaz. Tinha-se esforçado e lutado muito para agora perder tudo. Não ia deixar que um rapaz acaba-se com tudo o que ela construiu e sonhou. “Eu vou entrar naquele palco, e dar o melhor espectáculo de sempre”, prometeu ela a si mesmo. Depois talvez chorasse tudo o que tinha a chorar, mas agora, ela ia lutar. Ia lutar para ganhar o primeiro prémio no concurso com o resto do grupo.